- Ah, Clara, não se preocupe. Nós íamos apresentar vocês na escola, mas como você sumiu, eu e a Malu comentamos com o Lê que você talvez viesse na minha casa hoje. Então ele ficou doido pra vir te conhecer. Nós elogiamos você!
- Ah, elogiaram? Que bom! Então tudo bem – Clara
sorriu e Leandro finalmente pôde ver seu sorriso.
- Olha, Clara, eu sei que você deve estar me odiando,
porque mesmo sabendo que você gosta do Erick eu aceitei ser namorada dele e...
- E quem disse que eu gosto dele?
- Só sendo cega para não perceber o seu jeito de
olhar para ele. Olhar apaixonado...
- Eu não gosto dele. Para de inventar, garota!
- E você também não quer minha amizade mais por causa
disso. Eu te entendo, no seu lugar também ficaria chateada, me desculpe, mas...
o Erick me ama e você vai ter que entender.
- Cala a boca, Malu! Eu não te perguntei nada! Já
disse que não gosto dele e para de falar disso.
- Então por que você chorou quando nos viu beijando
na minha festa de aniversário? – gritou Malu, irritada.
Erick ouviu Malu gritando e correu até a mesa para
ver o que havia acontecido.
- Vocês estão brigando?
- Essa louca que começou a gritar. Gente sem classe é
assim mesmo!
Leandro olhou para Malu, que estava com os olhos
cheios de lágrimas. Naquele momento ele queria xingar Clara e consolar Malu,
mas não quis se meter na confusão. Erick disse:
- Gente, se for pra brigar eu vou cancelar o
“Parabéns”.
- Não, desculpe, meu amor. É tudo culpa minha! Eu não
deveria ter dito nada. Vamos esquecer, não quero estragar a sua festa.
Erick estava furioso com isso, mas deixou pra lá e
prosseguiu com a festa. Depois que Erick soprou as velas, os quatro comeram o
bolo. Malu levou um pedaço do bolo para a avó de Erick, pois seu avô já havia
ido dormir.
Clara aumentou o som e começou a dançar. Malu e Erick
dançaram juntos e Leandro dançou sozinho, num canto, pois não queria ficar com
Clara. Ele pensou:
- Essa menina arrogante pensa que pode humilhar os
outros. Ela se acha superior só porque é rica. Eu também fui criado como a
Malu, em um lugar mais humilde e sem frescuras, mas ela não pode nos
desrespeitar por isso.
No final da festa, Erick levou Leandro e Clara no
portão e agradeceu a presença deles. Malu estava na sala conversando com a avó
de Erick, que também se despediu dela e foi dormir. Erick sentou-se ao lado da
namorada e perguntou:
- Você quer conversar agora?
- É melhor eu ir também, já está tarde e meus pais
devem estar me esperando. Mas você tá chateado comigo ainda?
- Não, eu só queria entender o que foi aquela briga
entre vocês duas. Mas depois falamos sobre isso. Vou atravessar com você,
vamos!
Erick pegou na mão de Malu e a levou até o portão de
casa. Eles se beijaram.
Os pais de Malu estavam esperando por ela, na sala.
Seu pai reclamou:
- Isso são horas de chegar?
- Eu estava do outro lado da rua, pai. Nem é pra
tanto!
- Olha como fala comigo, menina. Vai já pro seu
quarto e vê se dorme logo, amanhã você tem aula, esqueceu?
Malu foi para o quarto. Sua mãe quis conversar:
- Oi filha, eu sei que você precisa descansar, mas eu
to te achando um pouco triste. Foi o jeito que seu pai falou com você?
- Não, isso eu já to acostumada. Foi a Clara. Nós
discutimos e o Erick se chateou. Quase estragamos a festa dele. Eu me sinto mal
por isso.
- E por que discutiram? Ela ficou jogando charme pra
cima dele?
- Não, eu só fui me desculpar com ela, dizendo que o
Erick me ama e ela precisa entender e... ela negou que gosta dele.
- Entendi. Isso se chama ciúme, filha. Uma hora ela
amadurece e para com isso, quando perceber que o Erick não quer nada com ela. E
amanhã você e o Erick conversam melhor também.
No dia seguinte, na escola, Erick estava cabisbaixo.
Leandro foi falar com o amigo:
- Levanta essa cabeça, cara! Não foi esse Erick que
eu conheci há alguns anos.
- Eu sei, mas essas meninas me tiram do sério
brigando por minha causa. Já vi que esse namoro vai me dar dor de cabeça.
- E o que você tá pensando em fazer? Vai terminar
tudo com a Malu?
- Não, de jeito nenhum! Eu amo a Malu, só não quero
que fique esse clima chato entre mim e ela, quando a Clara vier falar comigo.
- A Clara é sua amiga, né!
- Na verdade ela era mais amiga da Malu do que minha,
mas como elas estão brigadas, a Clara está se aproximando mais de mim. E eu sei
da história dela, entendo porque ela é assim; não posso simplesmente ignorá-la,
eu seria muito duro com ela, fazendo isso.
Erick contou sobre Clara para Leandro. Eles pensaram
juntos o que poderia ser feito para que as meninas fizessem as pazes, mas não
encontraram nenhuma solução.
No recreio, Malu ficou na biblioteca estudando. Clara
aproveitou que Erick estava sozinho e foi falar com ele:
- Oi Erick, por que está sozinho? Cadê sua
namoradinha?
- Ela tá estudando. Mas eu não estou sozinho, o Lê
vem vindo, só foi na cantina.
Clara sorriu e sentou-se ao lado de Erick.
- Vou te fazer companhia enquanto ele não vem.
- Olha, Clara, eu não queria estragar a amizade entre
você e a Malu. Por que não voltam a se falar?
- Por que a Malu não é como nós. Ela veio de um lugar
pobre. Só ficou rica por causa do avô falecido, mas no fundo é uma sem classe.
Como vou ser amiga de alguém assim?
- É avó falecida! E não fala assim da Malu, por
favor. Por mais que ela tenha crescido em um ambiente diferente do nosso e sem
muitos privilégios, ela é uma boa menina, tem um bom coração e pra mim é isso o
que importa. E tem mais, se você quiser ser do nosso grupo vai ter que aceitar
meu namoro com a Malu, porque eu a amo.
- Até parece! Erick, olha pra minha cara. Esse
negócio de primeiro amor é tudo bobagem, não dura para sempre. Namorico bobo! E
você acha que eu vou mudar meu jeito de pensar por sua causa?
- Nós éramos amigos há muito tempo, tempo suficiente
para eu conhecer bem a Malu e saber que ela é o amor da minha vida. Se você não
aceita, então fique longe de nós.
- Tudo bem, eu fico longe, então!
Clara virou-se para o outro lado e começou a comer
seu lanche.
Erick ficou irritado e abriu um livro. Enquanto ele
lia, Clara o observava, disfarçadamente.
Leandro viu que os dois estavam juntos e foi até a
biblioteca conversar com Malu.
- Oi Malu, como ficou entre você e a Clara?
- Sei não, não queria estar brigada com ela. Eu entendo
o jeito implicante dela, mas se ela não aceita que o Erick fique comigo, eu não
tenho o que fazer.
- É, uma hora ela cai na real – respondeu Leandro,
sorrido para Malu.
Ela retribuiu o sorriso e continuou:
- O aniversário dela é daqui a duas semanas e eu
pensei em fazer uma festinha surpresa, o que você acha?
- Se você quiser, eu te ajudo, acho uma boa ideia. Vamos
falar com o Erick também. Só espero que a Clara não estrague tudo...
Durante a semana seguinte, os três planejaram e
organizaram uma festinha na casa de Erick. Apesar de tudo, Malu ainda
considerava a amiga. Erick não queria que a festa acontecesse em sua casa, mas
era o único jeito de convencer a menina a participar. O namoro de Erick e Malu
ia muito bem. Eles se encontravam todos os dias embaixo da árvore, estavam
muito apaixonados. Por isso, não havia nada que Erick não fazia pela menina, só
para vê-la feliz. Se ela queria fazer uma festinha para Clara e não havia lugar
pra isso, pois que fosse em sua casa.
O dia da festa chegou. Erick marcou com Clara de se
encontrarem em sua casa. Ele inventou que precisava da ajuda da menina para
estudar uma matéria na qual ele sabia que ela era ótima e, é claro, ela
concordou. Rapidinho ela se arrumou e foi se encontrar com ele.
Assim que pisou na casa de Erick, Leandro e Malu
apareceram:
- Surpresa!
Clara levou um susto e ficou sem saber o que dizer.
Erick perguntou:
- E então? Gostou? A Malu teve a ideia dessa festa.
Você, apesar de durona, é nossa amiga.
Clara sorriu. Ela realmente havia gostado, mas ainda
não dissera nada.
- Fala alguma coisa, menina! – disse Leandro.
E finalmente, ela disse:
- Ai gente, eu to sem palavras. Pensei que vocês
tinham esquecido o meu aniversário. Obrigada! Então aquela história de estudar
era mentira, né!
Os três abraçaram
a menina, que se comoveu e acabou deixando escorrer algumas lágrimas.
- Eu sabia que havia algum sentimento dentro desse
coração de pedra – riu Erick.
A festinha foi bem agradável, mas Clara ainda não
havia desistido de Erick; pelo contrário, aquela festinha fez a menina gostar
mais ainda dele. Ela pensou que estar entre os amigos, algum dia, ainda poderia despertar o interesse de Erick
por ela.
À noitinha todos se despediram, menos Malu, que
aproveitou que era sexta-feira para ficar mais tempo com o namorado. Os avós de Erick também aproveitaram para conversar. Contaram vários
casos do menino para Malu e deram boas risadas. Mais tarde, Erick deixou Malu no
portão de casa.
- Que bom que deu tudo certo. Pelo menos a Clara
voltou a falar com a gente.
- Sim, meu amor. O seu plano deu certo! – respondeu
ele, abraçando a menina. – Eu te amo para sempre!
Eles
se beijaram, abraçaram fortemente e Malu abriu o portão. Erick assoviou e Malu
olhou para ele. Ele fez um coração com as mãos e Malu retribuiu com outro
coração. O menino não queria ir embora, mas acabou indo, pois o pai de Malu
apareceu na janela e a menina entrou em casa.
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