26 de novembro de 2017

Uma Nova Vida - Capítulo 12


- Já chega, Clara, sai da minha casa, por favor!
- Não me trata assim! Eu tenho sentimentos... e você faz questão de pisar neles!
Clara saiu correndo chorando; entrou no carro e se foi.

Na semana seguinte, mais uma vez, Erick e Clara mal se olharam na escola. Malu achou aquilo estranho e perguntou o que havia acontecido, mas Erick inventou que estava muito focado nos estudos e no estágio e não podia ficar de papo com ninguém. Malu entendeu e o abraçou. Depois foi fazer companhia à Clara, que fingiu estar bem. Leandro estava lanchando e ficou observando as meninas, de longe.
Malu disse à Clara:
- Oi, está tudo bem?
- Está sim, por quê?
- Eu pensei em te chamar pra passar a tarde lá em casa, já que a minha mãe tá viajando e o Erick vai para o estágio.
Clara pensou e aceitou o convite, pois queria estar mais perto de Malu para tentar descobrir mais alguma coisa interessante sobre o Erick, além de suas comidas e música favoritas.
- O Erick hoje está meio na dele, não quer conversar – continuou Malu.
- É, eu percebi. Coitadinho, deve ter mil coisas na cabeça; não deve estar sendo fácil o estágio, a escola e o curso de desenho, e ainda cuidar dos avós dele. Ainda bem que meus empregados cuidam do meu avô.
O sinal tocou e todos foram para a sala. Malu nem pôde responder Clara, que saiu correndo para a sala de aula.
Depois da escola, Erick passou na casa de Malu só para lhe dar um beijo, antes de ir para o estágio. Ela ficou muito feliz com a surpresa e o abraçou, dizendo que o amava.
- Eu te amo muito mais, Malu! Tenho que ir agora – respondeu ele.
Mais tarde, Clara visitou Malu, que a levou para o seu quarto:
- Vou te mostrar os desenhos que o Erick me deu.
Malu ligou o som, para não ficar um silêncio chato e mostrou os desenhos à Clara. Clara mal prestou atenção, e já começara a provocar:
- Malu, você já percebeu que o Lê não tira os olhos de você?
- O Lê? Como assim? Não, você deve ter visto errado.
- Tá querendo dizer que eu não enxergo bem?
- Não, Clara, talvez o Leandro tenha olhado para outro lado e você achou que ele estava olhando pra mim...
- Ah, mas eu não vi só uma vez. Ele sempre te olha diferente, parece que gosta de você.
- Pode parar Clara, não inventa!
- E você, não sente nada por ele?
Malu não era boba e percebeu que Clara queria que ela ficasse com Leandro só para ela ficar com Erick, e respondeu, séria:
- Eu e o Leandro somos apenas amigos! Só isso e nada mais! E mesmo que o Lê quisesse alguma coisa comigo, eu amo o Erick.
Clara continuou provocando:
- E você acha que vai ficar com o Erick até quando? Você acha que vai se casar com ele? E se ele deixar de te amar, hein?
- É claro que nós não sabemos o futuro, mas se não tiver nada e nem ninguém para nos atrapalhar podemos nos casar, sim!
Clara fez uma cara de quem não gostou daquilo, mas para evitar confusões de novo com o grupo, resolveu ficar quieta.
Mais tarde, Clara se despediu de Malu e, em vez de ir embora, passou na casa de Erick. Ela levava um livro na bolsa e disse ao avô do menino que havia levado para ele estudar.
- Entendi, entre. Com licença, eu preciso ir para o quarto, a minha esposa não está muito bem. Boa noite!
- Tudo bem, boa noite e melhoras para ela – respondeu Clara.
Erick chegou em casa muito tarde. Clara estava cochilando no sofá. Ele entrou sem acordá-la e foi até o quarto dos avós, que sempre o esperavam voltar do estágio, mas naquela noite não estavam na sala.
 - E então, vô, é melhor levarmos a vovó para o hospital – disse Erick, vendo que sua avó não estava nada bem.
E assim o fizeram. Clara acordou, enquanto a ambulância buscava a avó de Erick. Ela levou um susto quando Erick a chamou, pedindo que fosse embora.
Erick e seu avô passaram a noite no hospital. Sua avó tinha piorado, a pressão havia subido e ela sentia dores no peito. Teria que ficar internada. Erick ligou para seu pai, pedindo que ele ficasse no hospital durante aqueles dias, já que ele tinha estágio, escola e curso e não poderia ficar com a avó. O avô dele dormiria ali aquela noite, mas no dia seguinte teria que voltar pra casa para descansar.
Na escola, Erick contou aos amigos e à namorada o ocorrido. Malu consolou-o a manhã inteira.
À tarde seu pai chegara de viagem e fora direto para o hospital.
Erick estava muito triste pela avó, mas precisou tocar sua vida para frente. Foi ao curso de desenho, mesmo sem vontade e, na volta, passou na igreja onde sua avó costumava assistir às missas e pediu ao padre que dedicasse uma missa a ela. À noite, Erick e Malu foram à missa.
Ele acabou chorando, encostado no ombro de Malu:
- Minha avó tem que melhorar... ela não merece sofrer assim.
- É claro que não merece, meu amor. Mas ela é forte, tenho certeza que vai melhorar logo e voltar pra casa.
Mas infelizmente não foi o que aconteceu. A avó de Erick havia falecido na manhã seguinte. Ele fora chamado na escola, no meio da aula de Educação Física; sua mãe, porém não pôde comparecer ao velório, pois ficara no interior cuidando dos negócios do marido.
Durante o velório, Erick não conseguia parar de chorar. Malu estava do seu lado, abraçando-o, quando Leandro e Clara chegaram. Leandro viu que seu amigo estava mal e buscou um copo com água. Sua avó realmente faria muita falta.




À noite, o pai de Erick voltara para o interior. Pelo resto da noite, Erick chorou muito, e ainda consolava seu avô. E aquela foi mais uma noite mal dormida. Erick dormiu tão mal que nem foi à aula no dia seguinte; estava de luto.
Malu passou na lanchonete depois da aula e comprou uma torta para tentar animar Erick. Mas ele não conseguiu comer direito. Leandro e Clara foram à casa dele junto com Malu, mas nada fazia o menino parar de chorar.
Mais tarde, o pai de Erick telefonara dizendo que levaria seu avô para morar no interior. Erick ficou furioso:
- E você acha que aí no interior ele vai ter uma vida digna? E se ele precisar de um atendimento urgente? Eu não aceito que leve meu avô daqui! Ah, então pergunta se ele quer ir!
O avô de Erick atendeu o telefone e, depois de quase uma hora de conversa, decidiu que se mudaria para o interior.
Erick não gostou nada da ideia. Malu falou com ele:
- Ah, meu amor, se seu avô decidiu isso, então deixa ele.
- Eu não acho que ele queira ir, só está indo pra agradar meu pai, que acha que manda em todo mundo. Meu pai só me dá motivos para eu detestá-lo!
- E o que você vai fazer, morando nesse casarão sozinho?
- Não sei... todo mundo me abandona. Pelo menos eu tenho os empregados.
- Não é a mesma coisa, eles não são a sua família.
Leandro sugeriu:
- Você pode vender esta casa e comprar uma menor, ou um apartamento perto do seu trabalho.
Malu não gostou, afinal Erick ficaria bem longe dela e eles mal iam se ver.
- Mas amor, e eu? Como vamos nos encontrar sempre?
- Calma, uma casa desse tamanho e preço não vende de um dia para o outro. Vai demorar muito e...
- Sim, demora, mas vende. E do mesmo jeito vamos morar longe um do outro. Seja amanhã, daqui a um mês, um ano, mas isso vai acontecer.
Clara e Leandro até que gostaram da ideia de Erick e Malu morarem longe um do outro. Não que eles estariam se unindo contra o namoro dos dois, mas seria uma chance a mais de Clara se aproximar de Erick, e Leandro de Malu. O destino acabaria fazendo o resto para eles ficarem juntos.
Aquele sábado fora bem agitado. O avô de Erick fora embora para o interior e Erick já havia procurado um corretor para vender seu casarão.

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