Malu ficou no apartamento de Erick por mais algumas horas. Eles assistiram TV. Mais tarde, eles se despediram. Malu ainda sentia algo estranho, mas voltou logo para casa, guardou as compras e foi descansar. E dormiu até o dia seguinte.
O
domingo amanheceu um pouco frio. Erick tomou um café com leite e ligou para
Malu.
- Oi meu amor, bom dia! Você se sente melhor?
- Ainda não. Já liguei para a minha mãe e ela disse
que por lá está tudo bem. E você, tá bem? Eu to preocupada. É um mau
pressentimento. Acho que vou meditar um pouco, comer alguma coisa, assim eu
paro de pensar nisso.
- Sim, faça isso! À noite a gente se vê. Eu te amo!
- Também te amo. Eu passo aí para te pegar as dez
horas, tudo bem?
Depois do almoço, Clara passou na casa de Erick. Ela
não cansava de ir atrás do menino, principalmente agora que Malu estava morando
longe dele, deixando-o carente de atenção.
Erick atendeu o interfone. Clara pediu para subir,
mas Erick disse que não se sentia bem. Clara insistiu tanto que ele deixou que
ela subisse. Ele fez cara feia para ela.
- Ai, Erick, credo! Que ingrato você é, hein! Eu só
vim cuidar de você um pouco, já que a Malu te abandonou.
- Ela não me abandonou! – gritou ele – Pois fique
sabendo que ela veio aqui ontem mesmo, só pra me dar um beijo.
- Nossa, ela saiu daquele fim de mundo só pra vir
aqui te dar um beijo? – riu Clara, com ar de deboche.
Erick irritou-se:
- Olha, Clara, o que você veio fazer aqui exatamente?
Eu não tenho tempo e nem paciência para as suas bobagens!
- Calma, lindinho! Só vim ver se você tá precisando
de alguma coisa. Eu não sabia que a Malu tinha se lembrado de você.
- Para de falar assim! Eu não sou um coitado,
abandonado pela namorada, como você pensa! E quantas vezes eu já disse que eu e
você somos apenas amigos?
Erick empurrou Clara para a porta.
- Agora que você já viu que eu não preciso de nada,
pode ir embora.
- Mas Erick...
- Sai da minha casa!
- Erick, eu te amo... – disse ela, passando as mãos
no peito do menino.
- Para, Clara! Não me provoque!
- Então você gosta de carinho assim... – disse ela,
roubando-lhe um beijo na boca.
Erick perdeu a paciência e empurrou Clara, que quase
caiu.
- Sai daqui e não volte nunca mais! E não precisa se
encontrar com a gente na balada, porque se você aparecer por lá eu não respondo
por mim!
Clara saiu chorando e gritou no corredor:
- Eu vou aonde eu quiser, seu idiota! – e saiu
correndo, batendo o portão de entrada do prédio, fazendo com que o alarme
disparasse. Mas ela não foi embora. Ficou dentro do carro, chorando e pediu que
o motorista saísse do carro. Quando ela quisesse ir embora, ela o chamava.
Erick precisou descer para desligar o alarme. Depois
subiu as escadas, muito ofegante e ligou para Leandro.
- Cara, eu preciso esfriar a cabeça. A Clara acabou
de sair daqui, chorando, nós discutimos feio. Vamos pra balada mais cedo? Já
deve estar aberta, é quase noite.
Erick ligou para Malu e pediu que ela o buscasse em
casa. Ele estava muito nervoso. Tomou uns goles de vinho e, em meia hora, já
estava no carro de Malu.
- O que aconteceu, meu amor?
- A Clara me tirou do sério. Eu conto pra você e para
o Lê quando chegarmos.
Malu percebeu que ele havia bebido, mas não disse
nada, para não deixá-lo pior.
Chegando na balada, que estava vazia, pois havia
acabado de abrir, Erick contou ao amigo e à namorada o ocorrido.
- Que falsa! Nós demos uma chance e ela ainda disse
que não queria roubar você de mim e que era só um mal entendido. O pior foi que
eu acreditei nela, e esse tempo todo ela estava de olho em você, meu amor –
disse Malu, furiosa.
Leandro foi buscar um refrigerante. Erick pediu
várias bebidas; e bebeu muito o resto da noite. Enquanto Leandro e Malu se
divertiam dançando, Erick se “afogava” em mágoas. Malu parou de dançar um pouco
e foi falar com o namorado:
- Amor, você não devia beber tanto! Esquece a Clara,
ela só quer nos prejudicar. Vamos dançar um pouco, você não queria esfriar a
cabeça? Então, para de beber e vem!
- Não dá pra esquecer, amor. Só bebendo pra eu me
sentir melhor.
- Não, meu lindo. Não vale a pena estragar a sua vida
bebendo, por causa de ninguém. Ela não é mais nossa amiga, vamos esquecer que
ela existe.
Malu abraçou Erick e permaneceu assim por um bom
tempo. Ainda tinha a sensação de que algo ruim poderia acontecer, mas ela não
quis dizer nada para ele não se preocupar.
- Olha amor, eu já to me sentindo melhor. Acho que
ontem passei mal por causa disso, eu deveria estar sentindo que algo ruim ia
acontecer e aconteceu.
- Pode ser. Minha cabeça está explodindo. Vamos
embora?
- Claro, vou chamar o Lê.
Na porta da balada, Erick pegou a chave do carro de
Malu e disse que ia dirigir.
- Não, amor! Você não está em condições de dirigir.
Devolve a minha chave; eu deixo vocês dois em casa.
Erick não quis nem saber, e respondeu:
- Eu to bem, posso dirigir, galera.
- Amor, você está com sono. É melhor então eu chamar
um táxi para você.
- Eu juro que eu to bem!
Leandro intrometeu:
- Não, Erick, você não pode dirigir assim. E o carro
nem é seu!
- Ah, a Malu me empresta... Vamos, gente! Deixa de
frescura, nem tem trânsito mais.
Pelo contrário, a avenida estava muito movimentada.
Erick entrou no carro. Malu entrou do seu lado e tentou impedi-lo de ligar o
carro, mas não conseguiu. Ele acelerou, desviando de vários carros e passando
na contramão.
Leandro gritou:
- Ei, para o carro!
Mas nada adiantou. Erick sentia muita raiva de Clara
e, enquanto dirigia só via a imagem dela na sua frente.
Um caminhão vinha em sua direção. Erick estava na
contramão e Malu colocou a mão no volante, tentando desviar, mas Erick fez
força e virou de volta, em direção ao caminhão.
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