Um caminhão vinha em sua direção. Erick estava na contramão e Malu colocou a mão no volante, tentando desviar, mas Erick fez força e virou de volta, em direção ao caminhão.
O caminhão tentou desviar, mas não tinha pra onde ir.
Foi tudo muito rápido. O farol alto do caminhão não deixou que Malu enxergasse
direito. Malu deu um grito e eles não viram mais nada. Ambos estavam desacordados.
O carro de Malu ficara destruído e ela havia ficado
presa debaixo das ferragens. As pessoas que passavam na avenida, naquele
momento, pararam para ver o que havia acontecido e chamaram o resgate.
Erick estava bastante ferido, tinha batido a cabeça
com força. O caminhão havia batido de frente, apertando Malu e Erick entre o
painel e os bancos. A sorte foi que o motorista tentou frear, senão teria sido
muito pior.
Clara, que estava escondida na balada para não ser
vista pelos amigos, ouviu o barulho, assim como todos que estavam por lá, e
correu para ver o que havia acontecido. Leandro, quando viu os amigos feridos,
entrou em desespero.
- Meu Deus, cadê a ambulância que não chega! Erick!
Malu! Vocês estão me ouvindo?
Clara ficou olhando de longe, e não conseguia parar
de chorar.
- Não, Erick! Você não pode morrer! Não me deixe, meu
amor...
Uma senhora que passava perto de Clara, tentou
consolá-la.
O resgate havia chegado. Todos se afastaram. Erick
fora retirado do carro primeiro, já que Malu estava presa. Ambos estavam
inconscientes; eles foram imobilizados e levados para a ambulância.
Leandro entrara no carro onde Malu estava e a
acompanhou até o hospital. Durante o trajeto, ainda dentro da ambulância, ele pegou a bolsa de Malu, já
que precisaria resolver algumas coisas para ela, enquanto ela estivesse naquele
estado.
Clara pegou um táxi e seguiu os carros de resgate
para saber em qual hospital Erick e Malu ficariam. Mas ela não entrou no
hospital; não enquanto Leandro estivesse lá com eles.
Leandro tentava falar com a mãe de Malu, mas não
conseguia, pois estava fora do país. Ele ligou para a mãe de Erick.
- Eu sou o Leandro, melhor amigo do Erick. Ele sofreu
um acidente, porque dirigiu bêbado. É uma longa história, depois conto com
calma. Ele ainda está inconsciente, mas um dos médicos disse que o estado dele
não é mais crítico.
A mãe de Erick ficou em choque com a notícia, e pediu
que Leandro avisasse quando Erick acordasse para que ela o visitasse, pois não
queria ver o filho naquele estado, desacordado.
Clara ficou na porta do hospital, escondida,
esperando a hora que Leandro saísse para ela entrar. Mas demorou muito. Leandro
passou a madrugada conversando com os médicos e resolvendo as pendências de Malu,
como o seguro do carro e a faculdade que começaria no dia seguinte.Também
enviou uma mensagem para o chefe de Erick, avisando que ele não trabalharia nos
próximos dias. Depois falou com o médico:
- Olha, doutor, eu preciso ir. Tenho que arrumar as
minhas malas, porque eu viajo amanhã à tarde. Mas eu volto antes da viagem para
ver como ficaram as coisas por aqui.
- Em qual quarto eles estão? Eu sou a melhor amiga
deles e soube agora do acidente.
- Bem, eles não podem receber visita, por enquanto. A
Malu está em coma e o Erick ainda está desacordado. Você pode esperar naquele
corredor que o médico vai te passando as informações.
Clara pensou:
- A Malu está em coma? Coitada...
Ela sentou-se em uma das cadeiras do corredor, mas
como estava ansiosa não conseguiu ficar quieta. Minutos depois ela olhou pelo
vidro da porta e o viu deitado, dormindo como um anjo. Assim que o médico saiu
do quarto, ela o chamou:
- Doutor, como o Erick está?
- Ah, oi. Ele está se recuperando e deve acordar em
algumas horas, mas deve ter algumas sequelas.
- Que tipo de
sequelas?
- Não sabemos ainda, só vamos saber quando ele
acordar. Faremos alguns exames e testes para descobrir. A moça que estava com
ele está em coma.
- Ah sim, eu já soube. Vou esperar ele acordar,
então. Eu não posso vê-lo de perto?
O medico permitiu que Clara entrasse no quarto de
Erick, mas no de Malu não era permitido ainda. Assim que viu Erick naquele
estado, Clara chorou e disse:
- Você não pode ter sequelas... imagina só você com
algum problema, eu não suportaria te ver sofrendo.
Clara voltou para o corredor e acabou cochilando. Por
volta das oito da manhã, Erick acordou. O médico estava no quarto com ele.
- Onde estou? Isso é um hospital?
- Sim, Erick, Você sofreu um acidente e agora que
acordou precisamos fazer alguns exames.
- Você disse Erick?
- Sim, você não lembra o seu nome?
Ele estava confuso, não estava entendendo nada, não
se lembrava de nada. Parecia que todas as suas memórias haviam sumido e sua
mente tinha ficado completamente vazia. Enquanto tentava pensar em algo, o
médico checou todos os seus membros para ver se Erick os movimentava
normalmente, olhou seus ouvidos e olhos com uma lanterninha e perguntou:
- Você consegue se lembrar de alguma coisa?
Erick balançou a cabeça negativamente.
- Bom, então o seu problema é amnésia. Bateu a cabeça
com muita força na hora do acidente. Esse trauma é muito comum e costuma passar
rápido quando o paciente tem contato com amigos e parentes, que o ajudam a
refrescar a memória aos poucos. É preciso ver fotos, vídeos e qualquer outra
lembrança que possa destravar seu subconsciente. A lesão costuma ser temporária
e logo sua vida voltará ao normal.
Erick continuou confuso.
- Você disse que meu nome é Erick. E que acidente foi
esse? Quem estava lá comigo, você sabe?
- Bom, eu não sei muita coisa, mas me disseram que
você bebeu muito e dirigiu logo depois. E parece que havia uma moça no carro
com você, mas ela está em coma. Não sei o nome dela, porque quem está cuidando
dela é outra doutora.
O médico disse que precisava ver outro paciente. Ele
saiu do quarto de Erick e avisou à Clara que ele havia acordado, porém tinha
perdido a memória. Clara acordou assustada, mas estava feliz que ele havia
acordado. Ela pensou:
- Se ele tiver mesmo perdido a memória, é a minha chance
de ficar com ele, ainda mais agora que a Malu está em coma – e sorriu
Enquanto isso, no quarto, Erick tentava se lembrar do
acidente. Ele apenas se lembrou do farol alto do caminhão, indo em sua direção.
Depois não viu mais nada. Ele não
conseguia se lembrar de nada, por mais que ele se esforçasse.
Clara entrou no quarto de Erick:
- Oi amor, que bom que você acordou! Fiquei sabendo
que você perdeu a memória. Fiquei tão triste... Mas que bom que você está bem,
pelo menos não quebrou nada, né!
Erick estranhou aquela mulher, tão linda, em seu
quarto e ainda chamando-o de amor e quis saber:
- Amor?! Como assim?
- Sim, você não se lembra de nada mesmo, nem do seu
nome?
- O médico me chamou de Erick, deve ser isso mesmo.
- É isso sim! Eu sou a Clara, sua namorada.
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