- Está bem, filha. Agora chega de me enrolar. Vocês estão namorando? Eu vim aqui no seu quarto para que o seu pai não ouça nada.
Malu fez “xiiiuu!” para a mãe.
- E então, Malu, estou esperando. É verdade que vocês
se beijaram? Foi o seu primeiro beijo, filha! Que coisa mais linda!
- Sim, mãe, e foi o primeiro beijo do Erick também.
Mas estamos namorando em segredo, viu? Nem a Clara podia saber, porque ela também
gosta do Erick.
- Está explicado porque ela estava aos prantos depois
do beijo de vocês.
- Xiii! Eu não queria ter causado isso, mas o Erick
gosta de mim e não dela, senão não teria me pedido em namoro...
- Isso é verdade, mas de qualquer forma eu acho que
você e o Erick deveriam conversar com a Clara depois, para esclarecer tudo.
Quem sabe ela não deixa vocês em paz?
Malu abraçou a mãe e sorriu. Ela estava feliz pelo
namoro, mas também um pouco chateada pela amiga. E agora, como eles resolveriam
isso?
À tardinha, Erick foi à casa de Malu. Eles se
abraçaram e foram conversar embaixo da árvore.
- Tá tudo bem, minha linda? Seu olhar parece tão
distante, sem brilho... Era pra você estar feliz, afinal estamos namorando!
- Estou mais ou menos. Minha mãe já sabe que estamos
juntos, mas meu pai não pode nem sonhar com isso! Desculpe, Erick, eu sou uma
burra de estar assim perto de você! Daqui a pouco você enjoa de mim...
Erick colocou a mão no queixo da menina e levantou
sua cabeça:
- Olha pra mim, bobona! Eu nunca vou enjoar de você.
Eu só fiquei preocupado porque não quero que fique chateada com nada, isso me
magoa. Eu te amo!
Malu ficou surpresa e nem soube o que dizer. Erick
olhou para ela, esperando que dissesse algo, mas nada saiu. Malu começou a
chorar. Erick a abraçou.
- Quer me contar o que está acontecendo? É por causa
de seu pai?
- Não... o problema é que eu tenho medo de te perder
porque eu também te amo muito, sabe.
- Você não vai me perder. Eu acabei de dizer que te
amo, e juro que o que eu sinto é verdadeiro e não vai acabar.
- Eu acredito em você mas... é que o destino às vezes
nos prega peças. Os meus pais também se amavam muito quando eram novos; hoje
eles mal se falam.
- Não se preocupe! Somos muito novos ainda e temos muito o que viver e aprender.
Eles se beijaram e viram o pôr-do-sol, abraçados.
Antes de se despedir, eles tiraram algumas fotos. Erick disse:
- Faltam dois dias para o meu aniversário e eu queria
que você fosse jantar lá em casa. Não vou fazer festa.
- Só eu?
- Eu pensei em convidar a Clara, para ela não se
sentir excluída de novo, mas não sei se ela vai querer ir.
- É... eu preferia estar sozinha com você, e seus
avós, é claro. Mas se quer convidar a Clara, tudo bem.
- O seu problema é com a Clara? O que aconteceu para
você estar tão chateada com ela?
Malu não quis dizer nada. Apenas deu a desculpa de
que estava tarde e que ela precisava ir embora.
- Depois falamos sobre isso!
Erick foi embora pensativo. Só queria entender por
que Malu não queria que Clara fosse ao seu jantar de aniversário.
No dia seguinte, na escola, Erick percebeu que Clara
e Malu não se falavam e mal se olhavam. Ele passou a aula desenhando para
tentar esquecer aquilo, até que Malu lhe contasse o ocorrido. A hora do recreio
havia chegado. Malu sentou-se num canto sozinha para lanchar, enquanto Clara
desaparecera, ninguém a viu o recreio inteiro. Erick sentou-se ao lado de Malu:
- Oi Malu! Nós podemos conversar agora?
- Tudo bem. Então... você alguma vez desconfiou que a
Clara gosta de você?
- Como assim?
- Ela sempre gostou de você. Desde que cheguei
percebi isso. E na minha festa de aniversário eu tive certeza. Minha mãe a
encontrou chorando, e ela simplesmente disse que nos viu aos beijos. Ela está
me odiando agora.
- Ué, a Clara gosta de mim mesmo? - Erick sorriu e
pegou nas mãos de Malu, e continuou - Então é por isso que você está com medo
de me perder? Bobinha! Você acha que eu ficaria com a Clara? O fato de ela
gostar de mim não quer dizer que eu vá ficar com ela. Você sabe que eu só tenho
olhos para você.
Malu abraçou o namorado, com os olhos cheios de
lágrimas. Erick retribuiu o abraço e disse:
- Eu prometo que não vou te deixar. Eu te amo muito!
- Eu te amo mais!
Depois do recreio, Clara entrou na sala e nem olhou
para Malu. Porém, não tirava os olhos de Erick, Isso deixou Malu furiosa. Na
hora da saída, Malu correu atrás de Clara.
- Por que você não fala mais comigo? O que eu te fiz,
hein?
- Calma, garota! Só não to a fim de papo. Tchau.
Erick se encontrou com Malu no portão e eles foram
para casa de mãos dadas. Clara, que ainda estava por perto ficou observando-os.
Ela estava decepcionada, mas como Erick podia imaginar que ela gostava dele, se
nunca disse e nem demonstrara nada? Os olhares dela não foram suficientes para
que ele notasse o quanto ela o amava. E muito antes de Malu chegar, ela o
olhava diferente.
Agora Malu teria esse problema para resolver.
Conversaria com Clara sobre seu namoro com Erick e, se ela não aceitasse, teria
que terminar a amizade entre as duas.
- Coitada da Clara. Tentei
falar com ela depois da aula, mas ela nem quis conversar.
- Mas coitada
por quê? Como eu poderia imaginar que ela gostava de mim, se nunca me disse
nada?
- É verdade, os
homens não entendem as coisas só pelo olhar, como nós mulheres. É preciso
palavras. Mas eu sabia e não disse nada.
- E daí que você
sabia? Eu não ia trocar você por ela! Mesmo antes de eu te pedir em namoro, não
ia ficar com ela se soubesse. Eu já te disse umas mil vezes que não vou com a
cara dela e só aceitei ficar perto de vocês porque vocês eram amigas, ou são
ainda, não sei mais... Eu não podia te proibir de ser amiga dela e muito menos
escolher os seus amigos.
- Eu sinto um
pouco de culpa, mas ela também não me contou nada, eu fui percebendo aos
poucos.
- Então, é
melhor esquecer isso. Já disse que não ia mudar em nada o que eu sinto por
você, se soubesse que ela gostava de mim. Bem, vamos falar de outra coisa. Você
vem no meu aniversário amanhã?
- Mas é claro
que sim, que pergunta! Até já comprei o seu presente!
- Humm, agora
fiquei curioso! Mas será que a Clara vem?
- Mesmo magoada,
ela vai aparecer sim. Você acha que ela
vai perder uma oportunidade de estar perto de você, ainda mais no seu
aniversário?
- Verdade. Ah,
esqueci de te contar, amanhã começo o meu curso de desenho.
- Sério? Ai, que
legal! Eu acho que você nem precisa, mas já que quer... Fico feliz!
- Sim, sim!
Porque quando eu for procurar emprego nessa área já serei um “expert”.
Eles se despediram, pois já estava ficando tarde e a
mãe de Malu já havia aparecido na porta do quarto várias vezes mandando
desligar o notebook, antes que o pai dela visse e arrumasse uma confusão por
nada.
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