22 de outubro de 2017

Uma Nova Vida - Capítulo 7


Eles se beijaram, abraçaram fortemente e Malu abriu o portão. Erick assoviou e Malu olhou para ele. Ele fez um coração com as mãos e Malu retribuiu com outro coração. O menino não queria ir embora, mas acabou indo, pois o pai de Malu apareceu na janela e a menina entrou em casa.

Este último ano passara muito rápido. O namoro de Malu e Erick ia muito bem. Leandro se tornara o melhor amigo de Erick e sempre que ele precisava de ajuda em alguma coisa, era Leandro que estava lá para estender suas mãos.
Clara continuava arrogante, mas seus três amigos aprenderam a conviver com isso. Ela fazia questão de ficar ao lado de Erick nos passeios e encontros da turma, e prestava atenção em tudo o que ele e Malu faziam. É claro que ela morria de ciúmes dos dois, que viviam abraçados, trocando carícias e beijos apaixonados.
E nos finais de semana os quatro sempre inventavam um programa para fazer. Eles desconheciam a palavra “tédio”. Ir ao shopping fazer compras; ver um filme no cinema; nadar na piscina de Erick e na de Malu, ir à exposições de arte, já que Erick amava desenhos e pinturas; sair para correr ou andar de bicicleta nos parques do bairro.
Certo dia, os quatro faziam um piquenique em um parque, quando surgiu o assunto “profissão”. Leandro comentou:
- Que vontade que eu tenho de trabalhar logo! Ainda bem que já vamos fazer dezesseis anos e ano que vem terminamos os estudos na escola. E, começando a facul, vamos estudar apenas o que gostamos, e não o que somos obrigados, como acontece na escola – e riu.
- É verdade, eu decidi fazer jornalismo, acho que combina comigo – disse Malu – E vocês, já sabem o que querem?
Clara ficou pensativa e respondeu:
- Não sei ainda, não tenho pressa para escolher isso. É melhor demorar mais para pensar e escolher a coisa certa, do que começar logo de cara uma profissão que você não tem certeza.
- Eu já sei o que quero desde os dez anos, quando meu pai criticou a minha escolha – disse Erick.
- E você não esqueceu isso ainda?
- Não, só vou esquecer quando eu provar para o meu pai que é isso que me faz feliz.
- Eu não acho que você precisa provar para o seu pai isso. Uma hora ele percebe que você estava certo e acaba aceitando – disse Clara.
Leandro sorriu e concordou. Clara continuou:
- Então, você é uma das poucas pessoas que já nasceram sabendo o que quer da vida. É uma das qualidades que admiro em você.
Malu interrompeu:
- É por isso que, quando você coloca uma ideia na cabeça, ninguém tira. Ninguém consegue fazer você esquecer, porque você sabe que pode e que vai conseguir.
Leandro sorriu de novo. Era apaixonado pelo sorriso de Malu e sempre que ela abria a boca para falar, ele a admirava. Não conseguia desviar o olhar da menina, quando a via sorrindo. Erick perguntou:
- E você, Lê? Não pensou em nada ainda?
- Ah, pensei sim. Eu quero ter um escritório ou um estúdio de Marketing Digital, cheio de computadores e instrumentos tecnológicos. Essa era tecnológica me encanta. Não é possível que vocês ainda não perceberam isso!
- Eu percebi! Você não larga seu tablet... – respondeu Malu.
Todos riram.
- Pois é, meu sonho é participar daquelas conferências internacionais sobre tecnologia, viajar para lugares bem mais avançados que o nosso, tecnologicamente falando.
E assim, o papo deles sobre profissão durou o dia inteiro.
Os quatro fariam aniversário em datas muito próximas; então eles combinaram de ir ao cinema, no próximo fim de semana. Malu disse que na lanchonete ao lado do cinema tinha uma torta deliciosa de chocolate, com calda de morango, e que ela encomendaria uma daquela para comemorarem. Todos gostaram de ideia, menos Clara que, como sempre, teve que reclamar de alguma coisa:
- Nós vamos comemorar numa lanchonete? Ai, que coisa mais pobre!
- E o que você sugere? – perguntou Malu.
- Sei lá, preferia uma festa, mas numa lanchonete com várias pessoas estranhas olhando... é meio constrangedor, não acham? Só se, pelo menos, não for pra soprar velas.
Todos concordaram em não ter velas e nem cantar “Parabéns”. Pelo menos assim Clara não ficaria emburrada, como sempre fica quando contraria a ideia dos amigos.





Sábado chegou. Erick levou Malu ao cinema de táxi. Clara foi com seu motorista e Leandro, com seu pai. Enquanto estava no táxi, Malu comentou:
 - Não vejo a hora de ter meu próprio carro. Assim a gente não precisa ficar pegando táxi e nem ônibus. É mais liberdade para nós dois também.
- Eu vou pegar carona com você todos os dias – riu Erick  – Eu não vejo a hora de fazer dezoito anos e poder ir na balada com você. Meus pais não estão nem aí pra mim, vou poder fazer o que eu quiser!
- Não, peraí, amor! Também não exagera. A sua mãe se preocupa com você.
- Tá, mas ela nunca vem me ver. Telefonar não é a mesma coisa. Ela nem precisa saber que vou sair para me divertir.
- Talvez seja o seu pai que não deixa ela te visitar sempre, afinal não foi você mesmo quem disse que ela é um chato conservador? – riu Malu.
-Sim, e machista. Eu nunca trataria minha esposa como ele trata a minha mãe. Acha que manda nela, e eu não posso fazer nada. Eu sei que ela não é feliz assim!
Leandro foi o primeiro a chegar ao cinema. Foi logo comprando os ingressos e a sua pipoca e entrando na fila. Clara chegou logo depois e também comprou pipoca e mais algumas balinhas.
Malu e Erick correram para a fila. Leandro os chamou:
- Oi gente! Já to aqui na frente guardando lugar pra vocês! Já comprei nossos ingressos. Se quiser pipoca tem que comprar, é só isso que tá faltando pra vcs!
Eles assistiram ao filme e, depois, como combinaram, foram para a lanchonete. A torta estava lá, esperando por eles, no mostruário. Malu foi até o balcão buscá-la, já que era ela quem havia feito a encomenda. Leandro, como sempre, não parou de olhar para ela e, disfarçadamente, admirou-a, pensando:
"Maluzinha do meu coração, por que o Erick chegou primeiro para te conquistar, hein?"
Erick se levantou e foi ajudar a namorada. Enquanto ele levava a torta para a mesa, Malu pediu o refrigerante e os copos.
Na mesa, os quatro conversavam:
- Que torta mais que perfeita! É, sem dúvida, a mais gostosa que eu já comi! – disse Erick.
- Mais gostosa que aquelas delícias que a sua avó faz?
- Bem, talvez. Sei lá, tem algo a mais que eu não consegui identificar.
Clara, metida a saber mais que todos, intrometeu:
- São amêndoas com um leve toque de licor de cacau.
- Como sabe?
- Lá em casa tem um licor desses e eu tomo um gole de vez em quando. E as amêndoas, bem... quem não come amêndoas nas panquecas, no café da manhã?
- Eu – os três responderam.
Malu riu e acrescentou:
- Eu nem como panquecas no café da manhã, muito menos com amêndoas!
- Ah, gente, por favor, né! Não tem nada melhor do que acordar e sentir o cheirinho do caramelo sobre as panquecas... Humm! Minha empregada faz do jeito que eu gosto e...
- Tá bom, Clara, nós já entendemos. Agora vamos aproveitar a nossa torta de aniversário, que está boa demais! – interrompeu Erick.
Já estava anoitecendo. Erick e Malu se despediram de Leandro e Clara e pegaram um táxi. Antes que eles fossem pra casa, Erick levou Malu até a árvore.
- O que houve, amor?
- Estamos completando também um ano de namoro e eu queria ficar um pouco sozinho com você. Tenho um desenho para te dar.
Erick pegou no bolso um desenho e entregou à namorada. Era um coração, todo decorado e dentro dele estava escrito: “Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida!”
- Que lindo, Erick! Eu amei!
- Eu amo você, minha linda! Sempre vou amar, não importa o que aconteça.

Eles se abraçaram. Erick levou Malu até o portão de casa e a beijou. O pai de Malu ouviu o barulho do portão e olhou na janela. Ele viu os dois abraçados. 

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