- A senhora tem razão. Eu vou esperar por ele aqui,
posso?
- Pode sim, vamos aproveitar para falar sobre vocês e
seus amigos.
Clara pensou:
- Ela deve estar me testando... Mas que droga, por
que ela foi aparecer justo agora?
Depois olhou para a mãe de Erick e perguntou:
- O que a senhora quer saber?
- Ah, como é a vida de vocês dois, ora. Vocês estão
juntos há quanto tempo?
- Então, a gente já namora há um tempão, nossa! Tipo
uns três anos, quase noivos já!
- Noivos? Que isso, menina?
- É claro que tem que esperar o Erick melhorar, né!
Erick chegara em casa, dizendo:
- Oi mãe, voltei. Ah, oi Clara!
- Oi, amorzinho! – respondeu Clara, abraçando o “novo
namorado” e continuou – Ficou surpreso?
- Não, eu só não esperava te ver aqui tão cedo.
- Senti saudade, e sua mãe e eu nos damos super bem.
Ela é um amor!
- Ah, que bom!
- Soube que foi ver a Malu, ela melhorou?
- Tá na mesma, nem se mexe. Eu só não entendo porque
ela estava no carro comigo, na hora do acidente.
- Ah, amor, ela só queria atrapalhar nós dois. O
carro era dela e ela te forçou a entrar nele e dirigir. A Malu é completamente
louca. Eu tive que ir embora mais cedo da balada e não pude ficar com você, e
ela, mesmo sabendo que você estava bêbado, pediu que dirigisse.
- Entendi... E o Leandro, por que será que não fez
nada para impedir, já que eu estava bêbado?
A mãe de Erick interrompeu:
- Filho, até eu que não convivo muito tempo com você
sei como é. Quando você coloca uma ideia na cabeça ninguém tira.
- Mas não foi a Malu que me obrigou a dirigir?
- Ah, amor, eu não sei direito o que houve, não
estava lá. Mas vamos esquecer isso tudo, é passado e é coisa ruim. Já disse que
você tem que pensar coisas boas.
Erick não se sentia muito bem, sentia ainda um pouco
de culpa pela Malu.
- A Malu tá em coma, isso é muito sério. E se ela não
acordar mais, ou demorar muito tempo? Eu me sinto mal por isso.
Clara tentou acalmá-lo:
- Não fica assim, amor. A Malu quis entrar no carro,
não é culpa sua, ela sabia que você estava bêbado.
- E como você sabe de toda essa história se não
estava lá.
- Eu encontrei o Leandro no hospital e ele me contou.
- Pois é, filho, todos foram irresponsáveis de beber
a esse ponto.
A mãe de Erick disse que estava cansada e foi para o
quarto deitar um pouco. Ela lhe deu um beijo na testa, dizendo:
- Fica bem, filhinho.
Erick aproveitou a visita de Clara e a convidou para
dar uma volta. Clara foi esperta e o levou até a pracinha. Durante o passeio,
Erick admirava a natureza daquele lugar. Clara disse:
- Você adorava vir aqui na praça. Foi aqui que você
se declarou para mim. Era tão apaixonado! Espero que um dia você se lembre
desses momentos. Se não lembrar, não tem problema. Eu sempre vou te amar, e
podemos começar tudo de novo.
Eles se beijaram. Depois ela perguntou:
- Meu beijo te fez lembrar algo?
- Talvez, é um beijo tão doce... E essa praça...
- Que foi?
- Não sei, me veio a imagem da Malu na cabeça, não
consigo parar de pensar nela lá no hospital, daquele jeito.
- Esquece ela, amor! Você tá preocupado demais, isso
vai te fazer mal.
- Tudo bem, amor, me desculpe.
- Você me chamou de amor?
Clara mais uma vez beijou Erick. Ela era louca por
ele e não podia perder uma única oportunidade de beijá-lo.
Mais tarde, Erick voltou para sua casa. Sua mãe
estava no sofá.
- Oi mãe, voltei. Que bom que está acordada, preciso falar
com você.
- Ah, senta aí, meu filho. Pode falar, estou aqui
para te ajudar no que precisar.
- Então, eu me diverti muito com a Clara hoje. Acho
que ela tá certa, parece que nos conhecemos há anos! E eu sempre me sinto muito
bem ao lado dela, bem à vontade!
- Hum, mas você conseguiu se lembrar de mais alguma
coisa?
- Eu me lembrei da Clara olhando pra Malu com uma
cara feia. Uma imagem meio desfocada das duas, por isso eu não consigo entender
direito. Será que a Malu pode me ouvir, mesmo em coma?
- Eu acredito que sim, filho. Só não sei se quando
ela acordar vai se lembrar do que você disse enquanto ela estava em coma.
- Acho que vou visitá-la amanhã de novo.
A mãe de Erick lembrou-se dos desenhos dele:
- Filho, por que você não vê os seus desenhos? Eu
também tenho um guardado comigo há anos. Eu sempre mostro orgulhosa pra todo
mundo no interior e digo que meu filho é um ótimo desenhista. Olha!
Era o desenho da árvore. A árvore de Erick e Malu.
- Essa árvore, mãe! É tão linda! Eu me lembro dela.
Onde ela está?
- Ela ficava no lote ao lado do nosso casarão. A
árvore já faz um tempinho, infelizmente; eu lembro muito bem de quando
você me ligou chorando por causa disso. Eles construíram um prédio. Você pode
ficar com o desenho, se quiser. Pode te ajudar a lembrar de mais alguma coisa.
- Sim, eu vou ficar com ele. Essa árvore me inspirava
a desenhar... E me veio uma imagem de uma menina linda...
- Hum... bem, que eu me lembre, na época em que eu
morava com você não tinha nenhuma menina. Mas as coisas mudaram desde que fui embora. Talvez essa árvore marcou alguma data importante para você e alguma menina.
- É mãe, pode ser.
- Como é essa menina?
- Eu só via os olhos esverdeados e um sorriso, um
sorriso brilhante... Pode ser a Clara. Eu devo ter feito um desenho dessa
árvore pra ela também, o que acha?
- Depois pergunta pra ela, filho. Ela deve ter algum
desenho seu, você sempre gostou de presentear as pessoas com seus desenhos.
Quanto mais imagens melhor, filho.
Erick se levantou do sofá e dirigiu-se até o armário
da sala, onde guardava suas coisas. Ele pegou uma pasta e dentro dela havia
vários desenhos.
- Olha, eu desenhei uma moça.
- Sim, e como é essa tal Malu, filho? Parece com esse
desenho?
- Não sei, não deu pra ver direito, porque está cheia
de aparelhos no rosto, mas ela é morena, de cabelos lisos e castanhos. Não sei como
são seus olhos... Esse desenho pode ser sim, uma das duas. Só o Leandro vai
poder me ajudar.
Mais tarde, Clara voltou ao apartamento de Erick,
levando seu celular. Erick achou estranho ela ter entrado sem tocar o
interfone.
- Você tem as chaves?
- Sim, amor, dias antes do acidente você disse que ia
me pedir em casamento e me deu até as suas chaves... Mas, olha só amor, eu
trouxe a nossa música. Agora tenho certeza de que você vai se lembrar de como
éramos felizes.
Clara colocou a música “Be With You”, que era dele e
da Malu, para tocar em seu celular.
- E então, lembrou de alguma coisa?
- Talvez, você vai ter que ter muita paciência, eu to
muito confuso. Mas essa, com certeza, é a música mais linda que já ouvi.
- É nosso tema de namoro! E do que mais você se
lembrou?
- De um lugar... parece um restaurante e... os olhos
esverdeados de uma mulher.
- Sou eu, amor! Você se lembrou de um dos nossos
encontros. Estou tão feliz, já é um avanço!
- E agora eu sei que tipo de música eu gosto.
Qualquer dia desses a gente podia voltar lá na tal balada, quem sabe eu não me
lembro de mais alguma coisa?
Clara pensou:
- Não, é melhor não, ele pode se lembrar que ficou a
noite toda com a Malu e o Leandro e nem me viu por lá. Ele não dançou muito,
mas esteve apenas com os dois, e não comigo.
Depois respondeu:
- Sim, amor, qualquer dia desses a gente vai.
Erick pegou seu desenho da árvore e mostrou à Clara.
- Eu queria te mostrar uma coisa. Você se lembra
desse desenho? Eu, por acaso, já te mostrei?
Clara lembrou-se da árvore que ela odiava chegar
perto, simplesmente porque era dele e da Malu. E fingiu que não sabia de nada.
- Ah... Esse desenho... Não sei, onde é isso? Eu
nunca vi.
- Essa árvore ficava no lote ao lado da casa onde
nasci.
- E o que ela tem de mais?
- Nada, mas quando minha mãe me mostrou esse desenho
eu me lembrei de uma menina, devia ser você.
- Sim, amor, pode ser. Nós já passamos tantos
momentos bons juntos que eu nem lembro de tudo. São três anos de muito amor e
aventuras. E é claro que algumas coisas foram mais importantes para você do que
para mim e vice-versa.
- É, tem razão. Eu já te dei algum desenho?
- Não... quer dizer, alguns, mas estão lá em casa bem
guardados, eu te mostro depois.
Se você ainda não ouviu a música "Be With You", assista ao clipe:
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