21 de janeiro de 2018

Uma Nova Vida - Capítulo 20


- É, tem razão. Eu já te dei algum desenho?
- Não... quer dizer, alguns, mas estão lá em casa bem guardados, eu te mostro depois.

Clara mexeu no armário da sala e disse:
- Olha o que achei, amor.
- O que é isso?
- São fotos de quando você era pequeno.
- Que legal!
- Olha como você era bonitinho!
- Eu era?
Clara riu.
- Eu quis dizer que você é bonitinho desde essa época.
Eles riram muito vendo as fotos. Mais tarde, Clara precisou ir embora. Na hora de se despedir, ela o beijou e disse que o amava.
- Eu também te amo – respondeu ele.
Clara ficara muito feliz com aquilo. As coisas estavam saindo como planejado. Erick estava gostando dela e era tudo o que ela sempre quis. Antes que ela saísse pela porta, Erick a puxou pelo braço e lhe roubou outro beijo. Ela saiu toda sorridente.
No dia seguinte, Erick foi ao hospital ver Malu. A médica o chamou e disse:
- Oi Erick, tudo bem? Veio ver a Malu?
- Sim, ela tá melhor?
- Bem, os exames mostraram que ela possivelmente não terá nenhuma sequela quando acordar. Isso não é ótimo?
- Claro que sim! – ele respondeu muito feliz, e entristeceu-se logo depois – Pena que não sabemos quando isso vai acontecer.
Ele entrou no quarto de Malu.


- Oi Malu, eu ainda me sinto culpado pelo que houve com você, eu só queria que você me perdoasse quando sair daqui. E por mais que você queira atrapalhar o meu namoro com a Clara, eu não sinto raiva de você.


E durante um mês, Erick e Clara se divertiram juntos. Foram ao parque, ao cinema, à lanchonete comer a torta de chocolate que Erick tanto amava; aproveitaram bastante e também namoraram muito. Erick estava tão apaixonado por Clara que não queria pensar em mais nada. Ele apenas desejava que Malu um dia acordasse e o perdoasse pelo acidente.
A mãe de Erick viu que ele já se sentia bem melhor e resolveu voltar para o interior.
- Seu pai precisa de mim lá no interior e você tem a Clara aqui, né, filho!
Eles se despediram com um abraço.
Mais tarde, Erick recebeu uma visita inesperada. Malu aproveitou que uma moradora saía e entrou no prédio. Ela tocou a campainha. Quando Erick olhou no olho mágico, levou um grande susto. Malu o abraçou bem forte.
- Erick! Que saudade!
- Ma-malu? Você acordou?
- Sim, meu amorzinho, se eu estou aqui, né! Não está feliz em me ver? Posso entrar, já entrando?
Malu sentou-se no sofá, sem esperar Erick responder. Erick não sabia o que dizer. É claro que ele estava feliz e precisava do perdão de Malu, mas estava ainda surpreso.
- O que foi, Erick? Até parece que você não está feliz em me ver. Olha, eu acordei, nasci de novo! A médica me disse que você ia sempre no hospital me visitar, mas ela disse que você perdeu a memória... Então você não se lembra de nós dois?
- Malu, eu to muito feliz por você ter acordado, mas eu e a Clara estamos felizes juntos agora.
Malu não gostou do que acabara de ouvir.
- Você e a Clara? Ah, eu devia saber, mas eu sou sua namorada. Você não pode fazer isso comigo! Tudo o que nós vivemos foi em vão?
- Eu esperei você acordar para me contar tudo, mas agora eu to apaixonado pela Clara. Eu não sabia quando você ia acordar e... Eu não podia deixar a minha vida daquele jeito. Ela me convenceu de que eu e ela éramos namorados... E mesmo que não fôssemos, me apaixonei por ela.
- Ela é uma invejosa! Por causa dela você bebeu muito naquela noite. Por favor, Erick, acredita em mim! – implorou Malu, quase chorando.
- Desculpa, Malu, não queria te deixar assim, mas eu não tenho nenhuma prova de que eu e você éramos namorados, já a Clara me provou.
- Ela te enganou esse tempo todo! Não sei como ela fez isso, mas você caiu direitinho! Ela se aproveitou da sua perda de memória... E eu também estava naquela cama sem poder fazer nada! Que raiva!


- Eu sinto muito, de verdade, mas você me perdoa? Sei que o acidente foi culpa minha. A Clara me disse que você me obrigou a dirigir bêbado, mas eu achei essa história muito estranha.
- Nada a ver o que ela disse. Foi você que pegou a chave da minha mão. Mas eu te perdoo por estragar meu carro, porque o seguro vai me dar outro, e olha aqui, você não pode acreditar em nada que a Clara disser sobre o acidente e vocês dois. É tudo mentira! Eu e você éramos melhores amigos desde os doze anos e... namorados desde os quinze. Você sabe o que isso significava para mim? Você foi meu primeiro amor... Você vivia dizendo que nunca ia deixar de me amar, independente do que acontecesse.
- Tá, mas é diferente! Eu não me lembro de nada e isso é como se isso nunca tivesse acontecido para mim, tenta entender meu lado!
- Erick, tudo bem, vou parar de falar sobre isso. E o Leandro, não voltou da viagem?
- Como sabe que ele viajou?
- Ele contou pra todo mundo antes do acidente, estava todo feliz por causa disso.
- Ah, entendi. Ele ainda não voltou, mas não deve demorar muito. Mas peraí, você disse que eu bebi muito na balada por causa da Clara, como assim?


Malu tentou se lembrar do que Erick contara na balada.
- Bem, quando chegamos na balada você nos contou que a Clara tinha vindo aqui naquela tarde e tentou te agarrar, dizendo que te amava, roubou um beijo seu e você a expulsou daqui. Não gosto nem de pensar nisso. Então você me ligou pedindo que eu te buscasse mais cedo e fomos pra balada. Você estava com tanta raiva da Clara que acabou bebendo além da conta para tentar esquecê-la. Eu te chamava pra dançar e você não estava nem aí.
Erick mal piscava, prestando atenção àqueles detalhes. Malu continuou:
- A Clara sempre quis ser sua namorada. E quando soube que você havia me pedido em namoro no meu aniversário de quinze anos, ela ficou com raiva e disse que não ia desistir de você.
- Eu me lembro mais ou menos da Clara saindo chorando daqui... Deve ter sido porque eu a expulsei.
- Pois é, ela disse que sempre te amou, e agora que vocês estão juntos ela deve estar super satisfeita.
- Não me leve a mal, Malu, mas eu ainda não consigo me lembrar de nós dois juntos, sabe... eu e você... Ah, deixa eu te mostrar uma coisa.
Erick mostrou à Malu o desenho da árvore.
- Por acaso você já viu esse desenho?
- Sim, claro, amor, quer dizer... Erick. Eu tenho um igualzinho lá em casa. Foi debaixo dessa árvore que você me pediu em namoro. Era a nossa árvore... Sempre que queríamos um tempo sozinhos, era pra lá que íamos.
- Ah, então a menina que eu vi era você. Tive uma pequena lembrança de uma menina... era você. A Clara me enganou mesmo. Os olhos esverdeados que eu vi eram seus. Ela me disse que eu a havia pedido em namoro na pracinha, levou uma torta de chocolate no hospital e disse que era minha preferida e até fez uma lasanha de berinjela!
- Sim, Erick, ela sabia de todos os seus gostos e sempre nos acompanhava em todos os lugares que a gente ia, só para saber mais sobre você. Às vezes até se escondia para prestar atenção em tudo. E achava que eu não a via.
- Até a nossa música de namoro ela colocou pra eu ouvir. E agora te vendo sorrir, posso ter certeza de que o sorriso que eu via era seu. Mas o problema é que eu me apaixonei pela Clara, mesmo sendo enganado. Ela conseguiu fazer com que eu gostasse dela.
- Sim, e na verdade você só a suportava antes porque era minha amiga. E no dia da balada eu prometi pra mim mesma que não seria mais amiga dela, depois do que ela havia feito.
Malu levantou-se do sofá, entristecida, e continuou:
- Olha, Erick eu só queria que você se lembrasse de tudo. Assim a gente ficava junto de novo. Eu vou te mostrar depois os desenhos que você me deu, as nossas fotos e nossas conversas no chat. Você não se lembra dos seus dados para entrar na sua conta, né?
- Não faço a mínima ideia. Depois a Clara me ajuda a criar outra conta, ou talvez eu encontre esses dados anotados em algum lugar, ainda não tive tempo de ver isso.
- Tudo bem, eu tenho que ir. Qualquer coisa você ainda deve ter meu número, é só me ligar.


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