- Você, como sempre, me surpreendendo!
Eles se beijaram e ficaram agarradinhos ouvindo a
música.
Mais tarde a avó de Erick ligou para ele, pedindo que
fosse embora. Estar ao lado de Malu, para ele, era tão bom que ele nem via as
horas passarem, até mesmo porque não desejava que aquele momento terminasse.
Eles se despediram. A mãe de Malu foi ao quarto da
menina e brincou:
- Cada vez mais apaixonada, hein, filha!
- Mãe, você ficou ouvindo atrás da porta?
- Não, mas eu escutei a música lá do corredor – riu a
mãe.
Dias depois, os quatro amigos fizeram um acampamento
no jardim da casa de Erick. Clara só ficava jogando charme pra cima dele, na
frente de Malu. Leandro tentava distrair Malu, para que não se irritasse com as
provocações de Clara.
Na semana seguinte, na escola, Erick, Malu e Leandro
ignoravam Clara. Ela se irritou e foi falar com eles:
- Por que vocês me excluíram de novo? Eu sou do grupo
de vocês.
- Tem que fazer por merecer – respondeu Malu, e
continuou – Não é tentando roubar o meu namorado que você vai conseguir a nossa
amizade. Isso só me faz ter raiva de você.
Leandro não quis falar nada, com medo de que Clara
acabasse contando a Erick sobre seu sentimento por Malu.
- Pois é, Clara! – disse Erick – Nós tentamos te dar
uma chance, mas você não entendeu até hoje que eu amo a Malu e nada vai me
afastar dela. Então fica difícil aceitar você no nosso grupo, sabendo que o seu
interesse é ficar comigo.
Clara se sentiu humilhada na frente de todos, e saiu
de perto deles, resmungando:
- Eu vou ter o Erick, custe o que custar. Um dia ele
vai ser meu, e a Malu vai ter o que merece por me fazer passar por isso na
escola.
E, mais uma vez, o aniversário dos amigos se
aproximava. Primeiro foi o de Malu. Ela não quis dar uma festa, apenas preparou
um almoço e chamou Erick e Leandro. Erick levara um bolo de brigadeiro, feito
por sua avó.
Depois foi o aniversário de Erick. Ele não quis comemorar
em casa. Levou Malu
e Leandro em um restaurante, onde tiraram várias fotos e riram bastante com as
histórias antigas que eles contaram de seus avós. Foi uma noite bem divertida.
No aniversário de Leandro, Erick e Malu conheceram a
sua casa e brincaram com os cinco cachorros do amigo. Os pais de Leandro
fizeram uma festinha simples e convidaram toda a família do menino. Teve música
e muita comida.
Clara, desta vez, não ganhou festinha surpresa.
Ninguém ligou para lhe dar os “parabéns”. No dia seguinte, na escola, Malu foi
falar com ela:
- Oi Clara, como está?
- E como acha que estou? Fui excluída do grupo e
agora não tenho amigos.
- Olha, sinceramente, não parecia que éramos amigos.
Você mal falava com a gente, e quando estávamos em grupo você só dava atenção
pro Erick.
- Ai Malu, nada a ver. Vocês viajaram, hein?
- Como assim?
- Vocês pensaram errado de mim esse tempo todo.
Aposto que foi o Leandro que colocou minhoca na cabeça de vocês, só porque eu
converso mais com o Erick. Mas eu só queria agradá-lo, já que ele nunca foi com
a minha cara. Era só pra quebrar o clima chato entre nós.
Malu acreditou; pelo menos ela achou que Clara estava
sendo sincera. E lembrou-se:
- Ah, Clara, ontem foi seu aniversário, parabéns
atrasado!
- Obrigada. Você vai me aceitar de novo no grupo?
- Bem, como você mesma disse, é um grupo e eu preciso
falar com os meninos primeiro.
Clara concordou. Mas será que desta vez ela se
comportaria?
À tarde, Malu ligou para Erick e Leandro e disse que
precisava conversar com eles. Leandro marcou com eles numa pracinha, perto de
sua casa. Malu achou aquele lugar incrível.
- Amor, que lugar lindo! É um pouco longe de casa,
mas pra namorar vale a pena vir aqui, o que acha?
- Sim, sim! É perfeito pra gente dar uns beijos de
vez em quando – ele riu.
- Foi justamente o que eu pensei, um lugar para vocês
namorarem, já que não tem mais árvore... – disse Leandro.
- Tem razão, Lê. Aqui parece ser bem tranquilo,
ninguém vai nos incomodar.
Leandro lembrou:
- E então, Malu, o que você tem pra nos dizer?
- A Clara... bem, ela me pediu desculpas por fazer a
gente pensar errado dela. Disse que não quer roubar você de mim e quer fazer
parte do grupo de novo. Ela só estava tentando quebrar o clima chato entre
vocês.
Erick olhou para Leandro.
- Mas você achou que ela foi sincera? Acreditou mesmo
nisso?
- Não sei, eu pedi um tempo para pensar e conversar
com vocês. Mas pensem bem, se ela tiver más intenções é melhor estar perto de
nós, porque longe não podemos controlá-la. Não tem aquele ditado que diz que
devemos manter nossos amigos perto e os inimigos mais perto ainda?
- Verdade. A gente deixa ela se aproximar, mas de
olho nela. E é a última chance mesmo! – concordou Leandro.
Os três decidiram que Clara voltaria para o grupo,
desde que não ficasse distante, como acontecera da última vez.
No dia seguinte, na escola, houve uma exposição e
eles não tiveram aula. Erick, Malu e Leandro aproveitaram para falar com Clara,
no pátio:
- Então, Clara, hoje vamos ao cinema depois da escola.
Quer ir com a gente? Nós decidimos que você pode entrar de novo para o grupo,
mas vai ter que participar de todos os nossos programas, entendeu?
Erick estava mais feliz do que nunca, pois havia sido
chamado para uma entrevista de estágio, numa editora de quadrinhos. Era o que
ele mais queria, desde que descobrira seu talento para desenhar, aos dez anos
de idade.
Ele correu até a casa de Malu para lhe dar a notícia.
Malu o abraçou e se ofereceu para ajudá-lo. Eles passaram aquela tarde
preparando tudo, escolhendo roupas e os desenhos que Erick levaria à
entrevista. O dia seguinte seria promissor.
Na escola, Leandro abraçou o amigo e desejou sorte na
entrevista. Malu estava na cantina, quando Clara tentou roubar um beijo de
Erick e lhe deu um abraço bem apertado.
- Parabéns, lindinho!
Erick virou o rosto e sorriu, sem graça.
Leandro ficou, de longe, olhando Malu, que voltava da
cantina com os cabelos lisos, ao vento. Ele estava cada vez mais apaixonado por
ela, mas ficou na dele, só observando. Malu percebeu que Leandro a observava e
sorriu. Ele sorriu de volta. Depois ela chegou por trás do namorado e disse:
- Isso é pra você estar de bom humor na entrevista.
Dizem que chocolate acalma – e lhe entregou um bombom.
Depois da aula, os quatro foram almoçar na
lanchonete. Mas Erick não conseguiu comer direito, estava tenso. Ao voltarem
para casa, Malu e Erick pararam na pracinha. Ela fez uma massagem em seus
ombros para relaxar. Pouco antes de sair para a entrevista, Erick comeu o bombom
que Malu lhe dera na escola, depois tomou um banho, escovou os dentes, pegou
uma pasta com seus desenhos e saiu.
Malu ficou da janela vendo o namorado sair de casa
com o novo motorista contratado por seus avós, já que o menino vivia pegando
táxi e isso os incomodou. Eles pensaram que algum dia Erick poderia precisar ir
a algum lugar com urgência e não encontrar nenhum táxi; um motorista era a
melhor opção.
Aquela tarde demorou passar para Malu, que estava
ansiosa, esperando o resultado da entrevista. Ela não parava de andar, de um
lado para o outro; ligou a TV, mudou de canal várias vezes, mas nada prendia
sua atenção. Ela desligou a TV e foi para o jardim ouvir música.
Quando Malu menos esperava, Erick tocou o interfone,
chamando-a.
- Amor, vem cá, meu amor!
- E aí, amor, como foi?
- Fui contratado! – respondeu ele, pulando de alegria
– Amanhã já posso começar, minha linda!
Malu deu um grito de emoção e encheu Erick de beijos,
dizendo:
- Eu sabia que você ia conseguir! Meus parabéns, amor
da minha vida!
Erick trabalharia como estagiário, duas vezes por
semana. Agora ele só teria sexta, sábado e domingo para ficar com Malu. Mas
esse era seu sonho e nada iria impedi-lo de realizar. Malu estava muito feliz pelo
namorado. Talvez um dia a editora o contratasse como profissional, quando
completasse dezoito anos.
- Graças à sua ajuda eu me dei super bem. Todo mundo
gostou dos meus desenhos e das minhas respostas – disse Erick, sorrindo.
Os dois ficaram sentados no meio-fio, abraçados por
um bom tempo, até que a mãe de Malu chamou-os para um lanchinho.
Erick contou-lhe sobre a entrevista e ficou na casa
de Malu até o anoitecer.
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